
Caos - a criação de uma nova ciência, James Gleick, Editora Campus, Rio de Janeiro, 1989
Segundo a Medicina, o coração de uma pessoa sadia deve bater em média oitenta vezes por minuto - e isso efetivamente acontece com uma regularidade espantosa, ao longo de toda uma vida. Recentemente se descobriu, porém, que o coração pode apresentar um padrão assustador de pulsações: em curtos intervalos de tempo, pode se acelerar atropeladamente ou então interromper o seu ritmo durante um momento angustiante. A ocorrência é um dos mais importantes fenômenos descritos no livro Caos, do jornalista americano James Gleick (SUPERINTERESSANTE número 9, ano 3). Ele conta a história de um novo ramo da Matemática moderna aplicada a fenômenos físicos que tem justamente esse nome - caos - e está despertando grande interesse.
A razão é que, em vez de procurar a ordem e a regularidade aparentes na natureza - como a ciência sempre fez -, a nova especialidade trata das manifestações da desordem e do imprevisível. Além dos ritmos cardíacos, os pesquisadores estão investigando as ondas elétricas do cérebro, as turbulências no mar e na atmosfera, as mudanças no brilho e na forma das estrelas, o crescimento incerto na população dos animais selvagens e até o movimento dos carros durante os engarrafamentos. Desde a década passada, se descobriu uma ordem surpreendente nos fenômenos caóticos. Um exemplo é a grande mancha vermelha de Júpiter.
Essa forma colorida que os telescópios revelam é na verdade um gigantesco ciclone. Suas margens revelam uma grande turbulência: torvelinhos fugazes que surgem e somem em pouco tempo. Em uma palavra, são os legítimos representantes do caos. Apesar disso, a forma geral da grande mancha nunca se altera. Assim, o segredo da nova Matemática é ser capaz de somar pequenas alterações imprevisíveis e desordenadas, para no final obter um quadro coerente e bem definido.
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